Alicerce de toda liderança chama-se confiança. Fundamento de qualquer proposta de governança chama-se confiança. A partir da confiança fica estabelecido o conflito positivo da criatividade. Sem confiança existe ou o medo do conflito criador ou então o ódio manipulador, faccioso e venenoso. Sem a confiança não existe comprometimento. Não aparece engajamento, fuga de responsabilidades e inatenção total com os resultados.
O Brasil vive uma crise de fundamento. Isso quer dizer ausência de líder que fale, seja ouvido e respeitado. E, ou pior, desmoralização das instituições representativas, flagrantemente da classe política associada aos empresários LavaJato. Corrupção e desconfiança dos governos são constatados globalmente. Os maiores dramas dos países em desenvolvimento. Do jeito que vai, podemos acabar mal. Podemos faccionar o país.
O Legislativo nas mãos da lista de Janot. o Executivo associado a ser apenas presidente de parte dos brasileiros. E um Judiciário, o ministro José Cardoso, que se apresenta no domingo após as manifestações, dizendo que o projeto salvador da pátria será uma reforma politica onde o financiamento das campanhas não será mais feito com recursos das empresas e só com dinheiro público, como se isso significasse a solução desse trauma dramático.
Enquanto o ministro Rosseto, da Secretaria da Presidência da República buscava falar para os outros brasileiros, os da manifestação da sexta-feira. Quer dizer, temos dois segmentos de brasileiros, os da sexta-feira e os do domingo. E ainda os da panela gourmet, como ironizou Lula que, aliás, já abandonou há muito tempo sua caçarolinha de Vicente de Carvalho e, sem dúvida, hoje deve estar manjando em geniais panelas “diamond-studded saucepan“, ao contrário do Jaime, seu desaparecido e nobre irmão.
Dividir a galera para continuar no comando, costumava ser a estratégia dos capitães de navios de pirata. Enquanto a marujada se pegava entre si, não se uniam para tomar o barco. E o que salvava a coisa era sempre um ataque, um assalto a algum alvo externo. Ou aparecem instituições brasileiras reunidas e orquestradas, ou isso tudo vai acabar mal. As entidades empresariais, sindicais, de profissionais liberais, militares, mediáticas, religiosas e estudantis do Brasil precisam colocar o país acima de facções e oferecerem um programa conjunto e gritar um basta a esse foco entrópico, cuja perspectiva é piorar e estagnar o país, além de mergulhar o Brasil numa recessão de consequências tenebrosas e insensatas.
No atual momento do Brasil, não fosse o agronegócio, nós já estaríamos completamente posicionados num PIB negativo e numa real crise econômica e financeira. O dólar elevado é bom, no agronegócio, a curto prazo para os negócios dos grãos e das carnes. Mas logo em seguida será perverso na montagem dos custos para 2016. A raiz do mal é a não confiança. E esse fundamento não será resolvido pela atual presidente da república. A sociedade brasileira precisa assumir a liderança não governamental do país, para dar uma chance a governabilidade brasileira.
Foto: Crédito Portal G1
Autor:José Luiz Tejon Megido é Prof Dr acadêmico ESPM/FGV -Publicação Exame
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